PROYECCIONES AL AIRE LIBRE EN LA FRONTERA
PROJECÇÕES AO LUAR NA FRONTEIRA
“Mulleres da Raia na rua” era el nombre que había pensado para la proyección itinerante del documental por los pueblos de la frontera miñota. Proyecciones al aire libre y en la plaza pública con un significado construído. El cine en la calle adquiere otro sentido, además de facilitar la asistencia y participación de la población en un acto colectivo que trasciende lo puramente cinematográfico para dar lugar a un espacio de debate y reflexión. Mi empeño, tantas veces desatendido por las instituciones locales, con las que el dialogo llega a ser tortuoso, tiene una razón de ser. La proyección del documental en las localidades de la frontera es un gesto de agradecimiento a la comunidad que me ayudó a construir el film. Es importante el recorrido por diversos festivales nacionales e internacionales, los prémios y reconocimientos obtenidos en el círculo cinematográfico, pero para mí también es importante que el trabajo tenga un retorno en sus orígenes. Solo así el círculo de la comunicación se completa y la película adquiere todo su significado.
Yo, que también pertenezco al mundo rural, siempre me he quejado de la falta de actividad cultural e iniciativas para sacar a sus habitantes de la tediosa rutina. Ahora, que tenía algo para compartir y que además, estaba ligado a la historia y memoria de la frontera miñota, decidí iniciar conversaciones con los diversos ayuntamientos de la raya, muchos de ellos sumidos en una profunda parálisis cultural. La respuesta intermitente, desigual y en la mayoría de los casos desganada por parte de las administraciones locales, no impidió la proyección pública de la película pero no se llegó a todo el público que debería por la falta de VOLUNTAD. Un esfuerzo mínimo que en fiestas populares y gastronómicas no dudan en realizar. Si se anuncia la fiesta del alvarinho, Por qué no se anuncia la proyección de una película que además preserva la cultura de nuestra tierra? Una mezcla de ignorancia y falta de visión. El minho no es solo Alvarinho también lo son sus gentes.
As vinhas podem-se cultivar e regenerar ano após ano, mas a gente desaparece e leva com ela um pedaço da nossa história que nunca mais vamos poder recuperar. O nosso património imaterial está em perigo de extinção e a ninguém parece preocupar esta circunstancia. Precisamente o cinema é um instrumento para preservar a nossa memoria, a memoria presente de um passado que não se pode reconstruir mas que permite reflectir quem somos e questionar a nossa realidade. O documentário permite divulgar a nossa cultura não só no território nacional mas alem de fronteiras. O problema e que não acreditamos en nós. O problema e que os jovens empreendedores so encontram dificuldades e não têm espaço para dar visibilidade aos seus trabalhos que com muito esforço conseguem concluir. Nós que supostamente somos o futuro não temos voz.
Um trabalho rigoroso e profissional que com o factor da idade sinto desvalorizado. Uma história da terra por não esquecer as minhas origens que o factor da proximidade sinto desvaloriza. Eu fiz uma aposta forte, por mim ninguém fez. Mas apesar da falta de apoios, não desisti da minha ideia da projecção ao luar que foi e vai ser materializada nas fronteiras de Tui-Valença e Ponte Barxas-São Gregório. E por que tanta insistência da sessão ao ar livre? Porque Mulheres da Raia é uma clandestinidade que começa a ter luz, uma comunidade que começa a aceitar o seu passado e sobretudo um desabafo da alma das mulheres da fronteira que têm direito a expressar em público e em liberdade a luta durante muitos anos travada e injustamente “mal vista”.
Em Tui resultou um sucesso de público, a praça de San Fernando estava cheia para ver documentário, esse é um sonho realizado. Gente de todas as idades, assistindo a história da sua propia vida. Gente que foi embora com a alma mexida e o coração apertado. Gente que me deu um abraço e um simples obrigado carregado de emoção. O público aplaudiuse a si mesmo. É isto que me da força para a minha luta quotidiana.